Sunday, June 10, 2007

Nome

Assim que desperta, o sentido de confusão continua presente, mas há uma certa sensação de paz que faz com que essa confusão perca importância. Ela estava a olhar para ele, a mulher mais bonita que alguma vez tinha visto. A sensação de paz foi acrescida pelo pensamento de ter sido ela a última pessoa que viu quando fechou os olhos e a primeira que viu quando os abriu.
- Como é que estás?
- Bem... ainda meio zonzo, acho que bebi demais...
- Assim parece. Há quanto tempo chegaste?
- Um dia... não sei ao certo... parece que estou a sonhar.
- E vieste de onde?
- Se eu te dissesse, não ias acreditar...
- Põe-me à prova. - diz ela a sorrir suavemente.
- Do meu quarto...
- O quê? - a expressão torna-se algo séria - Como assim, do teu quarto?
- Eu disse-te que não ias acreditar...
Ela não o deixa acabar, levantando-se e deixando-o só no quarto. Olhando em volta, só agora repara que está num pequeno cubículo meio sujo, quase como se fosse uma arrecadação. A luz é muito fraca mas era o suficiente para ver o estado degradado que a pequena sala tinha. Ela entra novamente na sala desta vez acompanhada pelo homem que tinha estado em palco no bar onde perdeu os sentidos. Ele era extremamente alto e tinha uma presença forte. Mesmo com a percepção alterada Pedro tinha sentido isso, mas agora que estavam os dois pertos, ele quase que podia sentir a sua personalidade. Podia jurar que se estivesse de olhos fechado conseguia sentir quando é que ele entrava ou saia da sala.
- Lembras-te do teu nome? - a sua voz era grave e profunda. Uma voz igualmente forte, coisa que ele tinha notado também da primeira vez que o viu.
- Sim, claro... chamo-me Pedro. E vocês...?
- Nós não temos nome. Não nos é permitido. É contra as leis instituídas pelo Monarca.
- Pelo o que eu percebi... vocês não são os cidadãos mais respeitadores da... monarquia? Onde raio estamos afinal??
O homem que se auto-intitulou como Demónio Mau olha para a mulher e acena afirmativamente. Ela senta-se na cama ao lado de Pedro e após um breve olhar para a imponente figura que se mantém em pé e puxa os braços para trás das costas, volta a sua atenção para Pedro:
- Nós estamos todos mortos.

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