A Cura

Sunday, April 23, 2006

Candlemass - Solitude

I'm sitting here alone in darkness
Waiting to be free,
Lonely and forlorn I am crying
I long for my time to come
Death means just life
Please let me die in solitude

Hate is my only friend
Pain is my father
Torment is delight to me
Death is my sanctuary
I seek it with pleasure
Please let me die in solitude...

Receive my sacrifice
My lifeblood is exhausted!
No one gave love and understanding
Hear these words,
Vilifiers and pretenders
Please let me die in solitude

Earth to earth
Ashes to ashes
Dust to dust

Earth to earth
Ashes to ashes
Dust to dust...

Sitting here alone in darkness
Waiting to be free,
Lonely and forlorn I am crying
I long for my time to come
Death means just life
Please let me die in solitude

Earth to earth
Ashes to ashes
Dust to dust

Earth to earth
Ashes to ashes
Dust to dust

Earth to earth
Ashes to ashes
Dust to dust

Earth to earth
Ashes to ashes
Dust to dust

And please let me die in solitude...

Solidão

O sol entra sorrateiramente pelas frestas e o fumo sai calmamente por estas mesmas. Lá dentro nada se mexe, tudo está coberto pela cinza. Pedro começa aos poucos a recobrar os sentidos como se de um sonho estivesse a acordar, confuso e sem se recordar do que se tinha passado. Aos poucos parece que está de volta ao seu velho quarto, apenas mais um sonho na sua interminável rotina. Mas conforme os olhos se abrem depara-se com a desolação daquilo que julgava ser um pesadelo. O cinza estava por todo o lado, à sua volta e o fumo dissipava-se lentamente. Sem se mover, os seus olhos percorrem a cozinha ao mesmo tempo que o passado recente o invade, até quando olha para baixo, para os seus braços, fica completamente sem reacção. Ele lembra-se da sua luta contra a inconsciência, da sua tentativa de fugir do fogo... de a tentar proteger. E falhou. Ela estava, como se uma boneca se tratasse, nos seus braços imóvel. Estava irreconhecível, apenas um borrão cinza da vida que tinha antes. Ele sentia uma injustiça enorme e não era a primeira vez. Novamente sentia que a história se repetia, novamente aquele sentimento de dejá vú que o acompanhava desde o momento em que saiu da porta do quarto. Foi isso que o fez seguir a pequena menina. Havia algo nela, algo familiar. Tenta movê-la suave e cuidadosamente de cima das duas pernas, mas conforme a tenta elevar, ela desfaz-se em cinzas como se de um castelo de areia se tratasse. Não conseguindo conter a sua raiva ele grita, até a voz lhe faltar. Grita pelo velho que o trouxe aqui, amaldiçoa o seu nome, pergunta-lhe infindavelmente porquê, porque não morreu ele com ela, porque é que teve que ser ele a sobreviver. Se era aquilo que ele o queria mostrar, se era aquela libertação de que ele falava. E quando lhe faltam as forças para continuar a gritar, quando lhe falta a voz para continuar a gritar, chora. Os raios de sol cedem lugar à escuridão que o envolve na sua melancolia. Apesar de não ter lembranças de conviver com alguém, apesar de não se recordar de nada além de um perpétuo isolamento fechado no seu quarto, o que ele agora sente é uma profunda solidão, algo que ele não se recordava de alguma vez ter sentido. E ele fica no meio da escuridão, sentado no chão, coberto das cinzas daquela pobre menina. Chora continuamente e só pede para morrer, só pensa em que era ele que devia ter morrido no lugar daquela rapariga. Era ele. Chama pela morte, mas nem ela lhe faz companhia. No meio da terra, cinzas e pó. Donde ele veio, para aonde ele quer ir.