A Cura

Sunday, October 21, 2007

Dying Wish - Fragments Of The Past

This world we live in
Ain't what it used to be
The roads I have walked
Still mean so much to me
I don't want to forget
Any milestone of the past
I do want remember
Every minute of the past.
I'm beginning of realise
I haven't been alone
Many influenced me,
People I've always known.
The past determines
Who I am today.

It's the soil of my existence,
I can't throw it away.
The past is like my mother,
It has brought me up.
How could I forget
The way to the top,
The road to the valley
Cause I've been there, too.
Sometimes I was happy
Sometimes I felt blue.
[Fragments Of The Past Lyrics on http://www.lyricsmania.com]

The walls of the future
They will fall down fast
If they are not built
From the fragments of the past.

Ignoring what has happenned
Won't take us anywhere.
"History repeats itself"
To doubt it I wouldn't dare.
We should learn from the mistakes
We have already made.
And to make changes
We should never be afraid.

Fragmentos do Passado

- Porquê eu? Que tenho eu de especial? Já que vocês têm esses dons fantásticos porque é que não os usam para se libertarem?
- Porque nós somos dele! Como já te foi dito, nós estamos mortos. Mas isso não significa que tu estejas. Aliás, é por isso mesmo que tu tens a capacidade para nos libertares. O teu passado ainda é um mistério para ti, mas a cada sonho e a cada degrau na tua evolução, tu vais descobrindo mais. Lembrando. A esfera escolheu-te. Porquê não sei. Tal como tu, as visões que me foram reveladas são difíceis de transpor para palavras. Depois de estarmos aqui instalados, comecei a isolar-me. Passei a focar-me na meditação de forma a extrair mais respostas para a nossa revolta. Criámos o circo de forma a nos organizarmos e intensificámos a recruta. Espalhámo-nos pela região, criámos esconderijos e separámo-nos por esses vários esconderijos enquanto eu fiquei aqui, a tentar encontrar mais respostas enquanto os outros continuavam à procura daquele que a esfera queria. Até que num desses momentos de meditação, tempos atrás, sonhei contigo. Fechado num quarto com vidros grandes. Um quarto apenas iluminado pelos relâmpagos do exterior. Vi a tua estranha forma de existência. Não percebi o porquê daquilo me ser mostrado. Sonhei uma, duas, dez vezes. Continuava a não perceber porquê tinha sempre os mesmos sonhos, repetidamente, onde nada acontecia. Apenas os relâmpagos a iluminarem o quarto e o único som que se ouvia era o da chuva a bater nas enormes janelas. Interroguei-me vezes sem conta, que estava eu ali a fazer, o que tinha de fazer. Tentei dissecar o sonho, tentar decifrar o enigma para tentar perceber mas mais uma vez não consegui. Queria mais respostas. Queria saber quem era, queria mais sonhos dos que tive quando despertei, não percebia o porquê de a minha mente ter ficado confinada àquele quarto sem vida. Tentei forçar. Concentrei-me com a esfera na mão e tentei lançar todas estas questões e desta vez obtive uma resposta: “As respostas estão nas perguntas que se fazem”. A frustração mais uma vez apoderou-se de mim, estava cansado destes enigmas e de não encontrar as respostas que procurava. Até que quando nos reunimos os dez novamente, algo inesperado aconteceu. Estávamos todos aqui nesta sala e sem me aperceber entrei em transe. Tínhamos reunido para delinearmos novas etapas e novos planos, quando todas as vivências, todas as aprendizagens e informações que eles tinham adquirido foram me transmitidas. A sobrecarga de informação fez-me perder os sentidos e quando acordei estava numa sala, com muitas pessoas ausentes de espírito. Ninguém dizia nada e o som que se ouvia era apenas o da chuva a bater na grande janela que estava junto à mesa onde estava sentado. A sala era apenas iluminada pela luz dos relâmpagos que se sucediam ciclicamente. O exterior da sala estava vazio e ao olhar para cima, vi alguém que também olhava para mim. Apesar de nunca te ter visto antes, sabia que eras tu e que eu de alguma forma tinha chegado até ti. Eras tu que a esfera queria e ela falou comigo outra vez. Quando perguntei o porquê de estar ali, a ter aqueles sonhos, eu não sabia que aquele não era o meu sonho. Era o teu. E assim que te dei a esfera e apesar de ser um sonho, ela desapareceu. Era sinal que eu estava certo.

Pedro continua calado a olhar fixamente para o velho. A cada vez que abria a boca para perguntar alguma coisa, ela fechava-se de seguida como se a resposta lhe surgisse na mente. Até que finalmente:
- Então… isto é uma espécie de inferno?
- Uma espécie, sim. Mas este inferno não é eterno. Tu tens o poder para acabar com isto tudo. És um dos que podem derrotar o Monarca.
- Um? Quantos são afinal?
- Os meus sonhos mostraram-me que vão chegar três pessoas, três que não pertencem cá e que os três juntos poderão derrotá-lo.
Pedro levanta-se e começa a andar de um lado para o outro com a cabeça voltada para o chão enquanto diz:
- O que faço então? Eu não sei lutar. A única coisa contra a qual lutei na minha vida foi o fogo e… - pára e olha para o velho com a expressão de que tinha acabado de dizer algo que não tinha conhecimento– O fogo…
- Repentes do passado, não?
- Sim… - Pedro senta-se meio atordoado
- Apenas precisas de tempo para encontrar a paz que precisas. Paz dentro de ti. Depois de conseguires isso irás lutar como ninguém lutou nesta terra. Vou deixar-te a sós. Quando te sentires preparado saberás o que fazer.
O velho sai da sala e Pedro fica sentado a olhar para a parede, mas não é a parede que ele vê. Fragmentos do seu passado que vai juntando.